Os fatores de risco de natureza profissional, isto é, os factores susceptíveis de causar efeitos adversos na saúde de quem trabalha, são frequentemente classificados, na perspectiva das condições de trabalho, em: (1) químicos; (2) físicos; (3) (micro)biológicos; (4) psicossociais.
Os efeitos sensibilizantes em ambiente de trabalho estão intimamente relacionados com a exposição ocupacional a agentes químicos e biológicos que podem ser alergénios (completos ou incompletos), que colocam problemas de ordem prática em matéria de avaliação e gestão do risco e da implementação das decorrentes estratégias de prevenção. Por exemplo, a fixação de valores máximos admissíveis (VMA), apesar de serem conhecidos algumas centenas de agentes sensibilizantes, apenas algumas dezenas têm notação “sensibilizante” adicional ao VMA e a sua dependência da dose tem contornos que não seguem o modelo atual de prevenção.
As manifestações alérgicas podem ter diversas localizações, destacando-se, pela sua importância, os seguintes «órgãos(sistemas) – alvo»: (1) árvore respiratória (asma e alveolites alérgicas extrínsecas) e (2) pele (eczema de contacto, rashes, urticária e angioedema ou edema de Quincke). A alergia profissional pode ainda traduzir-se por manifestações oculares (conjuntivites e uveítes, por exemplo) e, mais raramente, por reacções sistémicas graves (anafilaxia). As formas clínicas mais frequentes são, no entanto, a asma, a rinite alérgica e o eczema de contacto.
Os agentes etiológicos das alergopatias profissionais são muitíssimo numerosos sendo apontados mais de 300 agentes só para a asma profissional e incluem as substâncias orgânicas (de origem animal, vegetal ou fúngica) e as macromoléculas simples (proteínas e polissacáridos). Por exemplo, mais de um terço de indivíduos expostos a cobaios pode desenvolver queixas rino-conjuntivais e muitos desses pode desenvolver asma. Nesse contexto, assinalam-se alguns exemplos sobre alergia provocada por agentes biológicos, destacando-se:
- a alergia a animais de laboratório;
- a asma relacionada com a exposição a farinhas de cereais;
- as alveolites alérgicas extrínsecas, como a suberose; e
- a bissinose.
Muitas vezes valorizam-se apenas os aspetos relacionados com a exposição a substâncias químicas quando se aborda a alergia profissional, mas também os agentes biológicos devem ser considerados e valorizados numa perspetiva de literacia em saúde dos trabalhadores. É que, no essencial, previne-se melhor aquilo que se conhece e não há ninguém mais interessado na prevenção que os próprios trabalhadores.
Lisboa, 1 de maio de 2019
- +COVID-19: 500 milhões de casos e mais de 6 milhões de mortes - 27 Abril, 2022
- +COVID-19: o gap entre o necessário e o possível mantém-se! - 17 Março, 2022
- +COVID-19: dentro de cerca de uma semana atingiremos 400 milhões de casos registados! - 1 Fevereiro, 2022