Comportamentos seguros
O surgimento de acidentes laborais com todo o impacto humano, social, profissional e económico inerente, resulta em grande maioria de uma pluricausalidade complexa, coincidindo na sua génese com os denominados atos inseguros por parte de quem os comete, geralmente quem trabalha, e as condições inseguras, geralmente não proporcionadas pelo empregador. Quando estes dois vetores coincidem, resultam na maioria das situações, um quadro situacional propenso ao indesejável surgimento de acontecimentos perigosos, de incidentes e/ou acidentes laborais.
Quando abordamos os atos inseguros, estamos indubitavelmente a falar de falhas e erros cometidos pelos trabalhadores (problemas de saúde, falta de formação profissional, ausência de acompanhamento e supervisão dos seus superiores hierárquicos, desmotivação e alheamento, falhas no processo de comunicação e informação, condições sociofamiliares complexas, por vezes desestruturantes, questões culturais, entre muitos outros fatores contingenciais).
Mais do que enfatizar o conceito de culpabilidade (atitude frequente do empregador) e de encontrar presumíveis culpados, deve a segurança e saúde no trabalho debruçar-se sobre a origem da falha humana ou do erro cometido, encarando-a primeiramente numa ótica de disfunção organizacional, com o objetivo de corrigir e prevenir futuramente, procurando em equipa estudar essas disfunções e então sim, promover positivamente e de forma progressiva os comportamentos e principalmente as atitudes dos seus ativos humanos.
Atacar ao nível da sensibilização, formação, treino e consciencialização, parece-me a atitude mais correta por parte do empregador e dos técnicos de segurança e saúde no trabalho. Sabemos que o desconhecimento numa sociedade profissional em rápida mutação é entre outras, uma das causas de desequilíbrio mental, psicológico e profissional que está por detrás do erro cometido. Não nos esqueçamos dos hábitos enraizados na relação Homem-Máquina. São os novos equipamentos, as máquinas, as substâncias e as ferramentas que diariamente vêm substituir outras que durante anos e anos fizeram parte do quotidiano profissional, aliado a uma herança cultural arreigada nesse desempenho. Para não falar de novos processos, rotinas e metodologias de trabalho que vão também substituindo os antigos processos de trabalho e cuja resistência se faz por vezes sentir, não contribuindo em nada para uma profícua cultura de segurança no local de trabalho.
Configura esta evolução acelerada, uma especial atenção e atitude preventiva por parte dos técnicos de segurança e saúde, numa luta contra o tempo, contra o tal referido enraizamento cultural e resistência à mudança mas que, na minha ótica, vai contribuir para o surgimento de sinergias positivas na organização. Todos devem participar neste processo, e na forma como futuramente irão encarar o “mundo do trabalho”. Envolver os trabalhadores e os seus representantes, pois melhor que ninguém são estes efetivamente que conhecem melhor os aspetos intrínsecos do seu trabalho e as condições com que operam, e consequentemente o seu impacto direto na sua saúde e segurança no posto de trabalho. Uma “dica” dum colega deve ser levada a sério não a menosprezando e/ou secundarizando como menos fiável.
É neste esforço conjunto de ajustamento e reajustamento entre o trabalhador e a organização que deve pautar a missão dos empregadores e dos técnicos de segurança e saúde no trabalho.
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A Comportamentos Seguros desenvolve projetos para melhorar o comportamento das pessoas fomentado comportamentos preventivos para evitar acidentes de trabalho ao invés de comportamentos reativos. Os projetos desenvolvidos pela Comportamento Seguros junto empresas visam a formação, a criação de iniciativas educativas e monitorização e têm obtido resultados muito positivos com uma redução de cerca de 35% dos acidentes ao final de 3 anos. Pode consultar-se mais informação em: https://comportamentosseguros.ltm.pt/cursos-empresas/