O termo cultura de segurança, surgiu pela primeira vez como resultado da análise do acidente nuclear de Chernobyl, em 1986, cuja causa foi atribuída à escassa cultura de segurança da organização.
Na maioria das abordagens, a cultura de segurança deriva do conceito de cultura organizacional à segurança, sendo mencionado, por vezes, que a cultura organizacional influencia a cultura de segurança (Silva, 2008).
Para muitos autores, a cultura de segurança é o produto dos valores, crenças, normas, atitudes, práticas sociais e técnicas, partilhados pela organização com o objetivo de minimizar a exposição de trabalhadores a condições consideradas perigosas ou potencialmente causadoras de lesões.
Cooper (2000), definiu cultura de segurança como o resultado das interações dinâmicas entre três elementos: clima de segurança, comportamento de segurança e sistema de gestão de segurança do trabalho. A cultura de segurança está relacionada com as atitudes, perceção e competências do indivíduo (aspetos psicológicos), o comportamento são aspetos relacionados com o trabalho e o sistema de gestão de segurança do trabalho são aspetos relacionados com a organização (elementos observáveis) (Fig. 1).
Figura 1 – Modelo recíproco de cultura de segurança
Fonte: Adapt. Cooper, 2000
Seja qual for a sua definição específica, todas vão de encontro de que a cultura de segurança é determinada pelas interações entre os fatores sociais e físicos do ambiente de trabalho, bem como pelas perceções e atitudes individuais, e contribui, de forma determinante, para a melhoria da segurança nas organizações e prevenção de acidentes.
A cultura de segurança constitui um eixo fundamental na promoção da saúde dos trabalhadores, na prevenção dos riscos profissionais e, consequentemente no combate à sinistralidade laboral.
Alguns estudos têm demonstrado, que a tipificação dos acidentes de trabalho segundo as causas (humanas, materiais e ambientais), a principal causa é o fator humano. Existe um forte consenso de que a cultura de segurança desempenha um papel importante na sinistralidade laboral (Silva, 2008). Por vezes, o desconhecimento da perigosidade das situações de trabalho leva a comportamentos de negligência, ignorando procedimentos de segurança, contribuindo, assim, para as elevadas taxas de sinistralidade.
Baseado nesta premissa, podemos afirmar que a cultura de segurança influência positivamente a adoção de comportamentos seguros, de forma a prevenir os acidentes de trabalho.
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Bibliografia:
- Cooper, M. D. (2000). Towards a model of safety culture. Safety Science, 36, 111-136.
- Silva, S. C. A. (2008). Culturas de Segurança e Prevenção de Acidentes numa Abordagem Psicossocial: valores organizacionais declarados e em uso. Fundação Calouste Gulbenkian – Fundação para a Ciência e Tecnologia.
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- Lesões Músculo-Esqueléticas Ligadas ao Trabalho associadas à intensidade do ritmo de trabalho - 18 Março, 2024
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