As doenças profissionais ocorrem sempre algum tempo após a exposição ao fator de risco profissional (por alguns chamado também “perigo”) e, muitas vezes, o seu desfecho mortal ocorre muitos anos após o trabalho ou a atividade profissional determinante para tal desfecho. Os acidentes de trabalho mortais não! Têm, quase sempre, o dramatismo da “brutalidade” do seu desfecho de imediato e por vezes são notícia principalmente quando ocorrem na Construção Civil e, mais ainda, se forem Obras Públicas. Tirando esse setor de atividade a probabilidade da sua noticia como acidente de trabalho é quase nula.
Vem isto a propósito do que ocorreu nas Pedreiras próximo de Borba (já quase esquecido) e, agora, nos presumíveis dois acidentes de trabalho mortais ocorridos nas Lavandarias do Hospital Magalhães Lemos no Porto, tudo leva a crer na reparação de uma caldeira.
O jornal Público noticia que “ … o que se sabe até agora é que os dois homens terão morrido por inalação de monóxido de carbono …. De acordo com fonte do Magalhães Lemos, o hospital não foi evacuado e a área do acidente está restrita à lavandaria… Contactada pelo PÚBLICO, a administração do hospital descartou qualquer responsabilidade, remetendo todas as explicações para o SUCH – Serviço de Utilização Comum dos Hospitais, entidade responsável pela concessão da lavandaria do Magalhães Lemos, que se encontra no espaço físico do hospital. O mesmo aconteceu quando o PÚBLICO contactou o Ministério da Saúde. Em comunicado, o SUCH afirma que ainda não é possível apurar as causas do incidente que vitimou duas pessoas, mas sublinha que as instalações são alvo de procedimentos de auditoria rigorosos e exigentes” que contemplam o sistema de detecção de gás. A empresa refere ainda que está a colaborar com as autoridades competentes para apurar a causa do ocorrido esta quarta-feira e que os serviços prestados aos hospitais do Norte terão a sua continuidade assegurada”.
Repare-se que as duas grandes preocupações são abordadas na perspetiva da “culpa” e da “continuidade da prestação de serviços”, o que se compreende, mas nunca na preocupação da prevenção de tal tipo de ocorrência independentemente daquela perspetiva: “o acontecimento/circunstância”.
São momentos onde se constata que a cultura de Saúde e Segurança do Trabalho é muito insuficiente e expressa-se essa penúria ainda mais nestes momentos dramáticos. Poderíamos, no entanto, aproveitar estes acontecimentos também numa perspetiva “positiva” para investir no aumento dessa cultura por parte de toda a comunidade e, concretamente, pelos intervenientes agora evocados: trabalhadores e empregadores (incluindo os chamados “donos de obra”), autoridades e os media.
Estou convicto que tal tipo de investimento por parte de todos contribuiria, de forma decisiva, para reduzir a probabilidade de tal tipo de ocorrências e para locais de trabalho mais saudáveis e seguros. Dito por outras palavras, estaríamos a reduzir esse risco e a contribuir para melhores condições de trabalho na perspetiva da Saúde e da Segurança já que, pelo menos no campo teórico, todos os acidentes de trabalho são preveníveis e maior atenção deveriam merecer ainda os que, como este, têm potencial de desfecho fatal.
Fonte: In Público. Dois trabalhadores morrem no Magalhães Lemos. Hospital desresponsabiliza-se (em linha), 23 de Janeiro de 2019, 11:23.
Consulte a fonte aqui (consultado em 24.01.2019).
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Mais 2 AT mortais na Barragem do FRATEL ,,,
Mais dois AT mortais, começando o soterramento a ser demasiado habitual. Devo recordar que este tipo de AT são 100% preveníreis. Então porque ocorrem?
Outra é outro, claro
Outra AT mortal em Vila Nova de Famalicão. Este numa empresa de máquinas industriais. A prevenção muitas vezes esgota-se na sua evocação ….
Mais dois acidentes mortais em Braga … esmagamento. E a pergunta é se fazemos o suficiente para os prevenir?
Da minha parte acho que não!
Mais um AT mortal em Vila Viçosa. Retiro o que disse, este anunciado como AT mortal numa pedreira.
E mais um soterramento na Madeira. nuca e referido como acidente de trabalho …
E agora num elevador no BPI em Lisboa. Reparem que a notícia nunca fala em acidente de trabalho mortal. Tudo se mantém na mesma.
Mais um AT mortal em Palmela, por esmagamento, e no dia 13 de maio o que prova que o investimento em SST é que vale …
E agora em Faro ….
E agora em Faro numa derrocada na Construção Civil ….
E outra vez em Aljustrel, outro AT mortal.
Há 2 – 3 dias novo acidente de trabalho mortal. Como foi no exterior a mina, como antes referi, é noticiado com acidente de trabalho mortal …
E repete-se, agoira na madeira numa cozinheira de 23 anos …. nem uma palavra sobre outro acidente de trabalho mortal.
E de novo na Calheta (Madeira) uma trabalhadora numa cozinha. Nunca se refere que é um acidente de trabalho …
E de nono na Calheta (Madeira) uma trabalhadora numa cozinha. Nunca se refere que é um acidente de trabalho …
E repete-se, agora nas minas de Aljustrel …
Concordo plenamente que nestes casos o interesse não é quem foi o culpado, o que interessa é o que vai ser feito para evitar que volte ocorrer, todos tem culpa tanto que tem o trabalhador ao serviço como o “media”.
Obrigada professor por nos fazer reflectir.
PARABÉNS Prof.