Já não faltará muito para atingirmos os duzentos milhões de casos de COVID-19, registados como tal. A que número real corresponderá, de facto, conhecendo a invisibilidade” de muitos dos casos? A distribuição etária nos diversos países do mundo e a sua economia não apontarão para uma importante subnotificação de casos?
De novo, uma “gripezinha” (doença, com gravidade, “apoucada” frequentemente)?
Com quase quatro milhões de casos fatais?
Mesmo com uma mais equilibrada distribuição da imunoterapia específica quantos mais casos ainda estarão para ocorrer? E quantos mais óbitos?
Não será o que vivenciámos nesta pandemia suficiente para a nossa aprendizagem funcionar como um “gatilho” para nos organizarmos melhor em matéria de resposta a emergências em Saúde Pública?
Apenas academicamente, se a gravidade da doença fosse bem maior como noutras viroses por exemplo do grupo de agentes das febres hemorrágicas, será imaginável a dimensão da tragédia que poderia ocorrer?
Oxalá saibamos tirar lições para o futuro, adequando os sistemas de saúde a respostas que se situem para além da clínica individual (e da sua mercantilização galopante) e se robusteçam formas da sociedade organizar o combate a outras ameaças que por certo virão e cujo preço que se pagou multiplica por três ou quatro (ou mais) dígitos a manutenção de estuturas de vigilância, gestão de informação e respostas organizadas (afinal, a Saúde Pública) a novas potenciais ameaças de natureza similar.
É que, como diz o povo, “o barato sai caro”. E, desta vez, muito caro à escala mundial e imagine-se os custos intangíveis como o sofrimento ou as mortes evitáveis que só por abordagens de natureza económica se transformam em unidades monetárias?
Não serão suficientes esses factos para nos prepararmos melhor para minorar os impactos individuais, sociais, económicos ou políticos? Ou voltamos a não aprender nada com os acontecimentos ocorridos?
Ou pior ainda, como algumas vezes sucedeu no passado, poupando (diria, ainda que de forma caricatural, alarvemente) nas já frágeis estruturas de Saúde Pública existentes.
Como cidadãos de uma nação “vetustamente moderna” devemos exigir que o Estado organize sistemas que possam, no mínimo, mitigar os danos deste tipo de fenómenos que, tudo leva a crer, se tornarão bem mais frequentes. Tal, todavia, é insuficiente e a resposta tem que passar também pela antecipação da maior ou menor probabilidade de ocorrência desses acontecimentos (leia-se sistemas de prevenção) e pela dotação de recursos humanos especializados, recursos financeiros e medidas organizacionais mais bem preparadas para “desenhar” as melhores estratégias de acção (públicas) em Saúde Pública.
Ficamos todos à espera disso. Eu pelo menos fico e acredito nisso!
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Sempre de acordo consigo Prof Sousa Uva.
Os seus Posts são sempre actuais e certeiros face à situação vivida.
Continuá~los-ei a ler com toda a atenção e agrado
Crande abraço
obrigado. Fico contente por der útil. Os textos são dos leitores e não do autor…
obrigado