Lesões Músculo-Esqueléticas Ligadas ao Trabalho associadas à intensidade do ritmo de trabalho

O ritmo de trabalho elevado condiciona o número de movimentos repetitivos a executar numa determinada tarefa, podendo ser considerado, um dos principais fatores causadores de Lesões Músculo-Esqueléticas Ligadas ao Trabalho.

As Lesões Músculo-Esqueléticas Ligadas ao Trabalho (LMELT) refere-se a um termo de natureza coletiva que englobam um conjunto de doenças inflamatórias e degenerativas que afetam o sistema locomotor, ou seja, músculos, tendões, ossos, cartilagens, ligamentos ou nervos e doenças localizadas do aparelho circulatório, causadas ou agravadas pela atividade profissional.

Normalmente, não existe uma causa única para estas lesões, elas resultam de uma combinação multifatorial, onde o ambiente de trabalho, as condições e a atividade profissional contribuem significativamente para o seu aparecimento.

Aquando da realização diária das suas atividades, os trabalhadores estão expostos a uma variedade de fatores de risco que podem contribuir para o aparecimento e desenvolvimento de LMELT. O nível de risco depende da duração da exposição do trabalhador aos fatores de risco, da frequência com que se expõe e do nível ou intensidade de exposição.

Têm sido publicadas várias revisões críticas da literatura sobre o tema LMELT e que, de um aforma ou de outra, evidenciam a existência de uma correlação direta entre problemas de saúde e condições de trabalho caracterizada pela imposição de ritmos de trabalho intensivos. Também o Sexto Inquérito Europeu sobre as Condições de Trabalho (EWCS, 2017), indica que um terço dos trabalhadores na União Europeia trabalha com prazos apertados e a um ritmo acelerado.

A Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho adiciona que os fatores de risco organizacionais incluem, entre outros, trabalho a um ritmo rápido (AESST, 2007).

Os ritmos intensos de trabalho vai condicionar o aumento do número de movimentos repetitivos a executar numa determinada tarefa, o que pode trazer lesões na cervical e membros superiores. Muitos são os autores que corroboram a existência de uma relação entre os fatores de risco presentes nos locais de trabalho e uma maior prevalência de lesões.

O ritmo intenso de trabalho numa atividade contínua, com ausência de pausas para descanso pode causar lesões musculares. Entre os traumas mais comuns, estão a tendinite em ombros, cotovelos e punhos, cervicalgia, dedo em gatilho, bursite, entre outras.

Seguidamente, se apresenta as principais lesões músculo-esqueléticas, sistematizadas pelas diferentes áreas anatómicas (Serranheira et al., 2004).

a) Ombro e pescoço

• Síndrome do desfiladeiro torácico;

• Mialgia do trapézio;

• Síndrome cervical;

• Tendinose/Tendinite bicipital;

• Tendinose/Tendinite do supraespinhoso;

• Tendinose/Tendinite da coifa dos rotadores;

• Bursite sub-acrómio-deltoideia.

b) Cotovelo

• Epicondilite;

• Epitrocleite;

• Síndrome do canal radial;

• Síndrome do canal cubital;

• Bursite do cotovelo.

c) Mão e punho

• Síndrome do túnel cárpico;

• Síndrome do canal de Guyon;

• Tendinoses/Tendinites dos flexores/extensores do punho;

• Doença de De Quervain;

• Higroma da mão;

• Tenossinovite estenosante digital;

• Rizartrose;

• Doença de Kienböck;

• Osteonecrose do escafoide (Doença de Köhler);

• Fenómeno de Raynaud;

• Contractura de Dupuytren;

• Cãibras da mão.

Conclusão

As LMELT são uma realidade atual, um problema transversal a várias profissões que afetam um elevado numero de trabalhadores, diminuindo a sua qualidade de vida. Torna-se claro, que o trabalho em ritmo acelerado está identificado como um dos fatores potenciadores de LMELT. É importante promover a saúde no local de trabalho e diminuir o risco de LMELT.

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Referências Bibliográficas

AESST. (2007). Introdução às lesões músculo-esqueléticas. Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho. Factsheet 71.

Eurofond. Sixth European Working Conditions Survey – Overview report (2017 update). Luxembourg: Publications Office of the European Union. Acedido em https://www.eurofound.europa.eu/pt/publications/2016/sixth-european-working-conditions-survey-overview-report.

Serranheira, F.; Lopes, F.; Uva, A. S. (2005). Lesões músculo-esqueléticas (LME) e trabalho: uma associação muito frequente. Saúde & Trabalho, 5, 59-88.

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Dina Chagas

Dina Chagas

Doutorada em Higiene, Saúde e Segurança no Trabalho pela Universidad de León, Espanha. Pós-Graduada em Segurança e Higiene do Trabalho pela Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Pós-Graduada em Sistemas Integrados de Gestão, Qualidade, Ambiente e Segurança pela Coimbra Business School. É professora convidada no ISEC Lisboa. Membro do Conselho Científico de várias revistas e tem sido convidada para fazer parte da comissão científica de congressos nos diversos domínios da saúde ocupacional e segurança no trabalho. Tem colaborado como revisor em várias revistas científicas e é supervisora científica de teses de Doutoramento e de Mestrado. Galardoada com o 1.º prémio no concurso 2023 “Está-se Bem em SST: Participa – Inova – Entrega-Te” do projeto Safety and Health at Work Vocational Education and Training (OSHVET) da EU-OSHA. Autora de um livro e (co)autora de vários artigos publicados em revistas e em capítulos de livros com peer-review nos diversos domínios da saúde ocupacional, segurança ocupacional e condições de trabalho. Os seus interesses de investigação são no domínio da saúde ocupacional, segurança ocupacional e condições de trabalho.

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