Comunicação interna para a segurança: como chegar a todos os níveis da organização

A comunicação é uma das ferramentas mais poderosas na promoção de uma cultura de segurança eficaz dentro das empresas. No contexto da Segurança e Saúde no Trabalho (SST), comunicar bem é mais do que partilhar regras ou enviar circulares — é influenciar comportamentos, criar envolvimento e garantir que a mensagem chega com clareza a todos os colaboradores, independentemente do seu cargo ou função.

Neste artigo, exploramos a importância da comunicação interna para a segurança, os principais desafios e estratégias práticas para garantir que a informação é compreendida, valorizada e aplicada em todos os níveis da organização.

Por que é fundamental comunicar bem sobre segurança?

  • Reduz o número de acidentes e incidentes ao reforçar boas práticas;
  • Envolve os trabalhadores na prevenção, tornando-os parte ativa da cultura de segurança;
  • Facilita o cumprimento das normas legais e internas;
  • Promove a confiança entre equipas, chefias e serviços de SST;
  • Garante que a informação certa chega à pessoa certa, no momento certo.

Desafios da comunicação de segurança nas organizações

  1. Diferenças de função e literacia: nem todos os trabalhadores têm o mesmo nível de conhecimento técnico ou facilidade de interpretação;
  2. Ambientes ruidosos ou dispersos: sectores como indústria ou construção dificultam a comunicação verbal contínua;
  3. Desvalorização da mensagem: excesso de cartazes ou avisos pode levar à banalização dos conteúdos;
  4. Distância entre chefias e operacionais: falta de diálogo bidirecional reduz o envolvimento.

Estratégias para uma comunicação de segurança eficaz

1. Adaptar a linguagem ao público-alvo

  • Evitar jargões técnicos ou termos excessivamente complexos;
  • Usar linguagem directa, simples e concreta;
  • Traduzir conteúdos se existirem colaboradores estrangeiros com domínio limitado do português.

2. Variar os formatos de comunicação

  • Combinar avisos visuais (cartazes, sinalética) com conteúdos digitais (vídeos, e-mails, newsletters);
  • Realizar formações presenciais, reuniões de segurança e toolbox talks;
  • Usar canais informais como grupos de WhatsApp ou quadros de aviso nas zonas comuns.

3. Promover a repetição estratégica e reforço contínuo

  • Repetir mensagens-chave de forma criativa (ex: campanhas temáticas mensais);
  • Utilizar exemplos reais ou casos práticos para contextualizar;
  • Reforçar comportamentos positivos com reconhecimento (verbal ou formal).

4. Envolver as lideranças intermédias

  • Formar supervisores e encarregados para serem multiplicadores da mensagem;
  • Garantir que também praticam os comportamentos que comunicam;
  • Incentivar o diálogo e a escuta activa com as equipas.

5. Estimular a comunicação bidirecional

  • Criar canais seguros para reportar perigos, quase-acidentes ou sugestões;
  • Valorizar o feedback e aplicar melhorias visíveis;
  • Promover uma cultura de “falar para prevenir”, sem medo de represálias.

6. Avaliar o impacto da comunicação

  • Medir o grau de compreensão através de questionários ou observação no terreno;
  • Recolher indicadores de adesão às campanhas (participação, implementação de medidas);
  • Ajustar os métodos com base nos resultados obtidos.

Exemplos de boas práticas

  • Campanhas visuais temáticas (ex: “Segurança nas mãos” com foco em luvas e corte);
  • Quadros de desempenho em SST por área ou turno;
  • Murais com fotos das equipas e mensagens dos próprios trabalhadores;
  • Vídeos curtos com mensagens de segurança dadas por colegas;
  • Checklists visuais e instruções passo a passo junto aos equipamentos.

Conclusão

Uma comunicação interna eficaz em segurança não é apenas informativa — é transformadora. Quando os trabalhadores compreendem, confiam e se identificam com a mensagem, tornam-se parte activa da cultura de prevenção.

Investir em comunicação clara, adaptada e participativa é essencial para criar um ambiente onde todos se sentem responsáveis pela segurança — e onde prevenir se torna um hábito natural.

Chegar a todos começa por ouvir cada um.

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