A exposição a ambiente térmico pode originar situações de stress térmico, que se traduzem em alterações comportamentais e físicas. No estudo do ambiente térmico é essencial ter em conta a susceptibilidade individual dos trabalhadores expostos.
Com a chegada do Verão e consequentemente as temperaturas elevadas, as actividades profissionais que se desenvolvem no exterior ganham contornos de extremo relevo e importância. Os indicadores associados à exposição a ambiente térmico (calor radiante, temperatura, humidade e velocidade do ar) têm influência directa na produtividade e sinistralidade nos locais de trabalho, devido aos impactes nas actividades.
Os ambientes térmicos quentes são meios para os quais o balanço térmico entre o corpo e o exterior é positivo. Assim sendo, os sensores presentes na pele, ao detectarem as diferenças de temperatura entre os dois meios, informam o hipotálamo para que este inicie o processo de vasodilatação, que permitirá que uma maior quantidade de sangue flua nos vasos superficiais. Devido a este acontecimento, a temperatura da pele aumenta gradualmente, propiciando uma maior dissipação de calor, através da sudorese.
Actividades profissionais com principal desenvolvimento no exterior, como por exemplo trabalhadores na construção civil, trabalhadores em pedreiras, área da agricultura, pesca, forças especiais e bombeiros, tendem a registar determinados sintomas como consequência da exposição prolongada e sistemática. Sintomas estes que se podem traduzir em alterações comportamentais e de humor, distracção, fadiga física, diminuição do ritmo de trabalho, desmotivação, diminuição do grau de concentração e aumento do absentismo. Paralelamente a estes, salientam-se problemas mais graves como o choque térmico, colapso térmico, desidratação e desmineralização, que conduzem a uma diminuição da capacidade mental, diminuição da destreza e aumento do tempo de reacção. Em situações extremas, pode ocorrer morte, associada ao choque térmico.
De acordo com estudos realizados [1][2][3], o calor tem influência na produtividade e sinistralidade laboral, devido aos efeitos acima apresentados. Os trabalhadores tendem a perder a concentração e o ritmo de trabalho, levando à necessidade de efectuar mais pausas e despender menos energia nas actividades, aumentando o risco de acidentes por distracção.
Devido à dificuldade de controlar os índices no exterior, devem ser adoptadas medidas organizacionais e de protecção individual, ao nível da limitação do tempo de exposição, introdução de intervalos de descanso e utilização do EPI (Equipamento de Protecção Individual) e vestuário adequados.
[1] Zhao, J., & Neng Zhu, S. L. (2009). Productivity model in hot and humid environment based on heat tolerance time analysis (Elsevier, Ed.)
[2] Giampaoli, E., Atete, M. W., Zidan, L. N. (1985) Riscos Físicos., Editora Fundacentro. SãoPaulo
[3] Silva, Robert Guimarães, Fernando Falquetto, António da Silva M Júnior and Cunha, Carlos Elpídio Lago. Identificação de riscos do posto de trabalho do forneiro em uma indústria de cerâmica de imperatriz. Revista Ingepro. Brasil
- Influência da QAI na Síndrome do Edifício Doente - 3 Junho, 2015
- Efeitos do Stress Térmico na produtividade e sinistralidade laboral - 8 Abril, 2015