Os fatores individuais e o comportamento na condução automóvel

A multiplicidade de utilizadores das vias rodoviárias, condutores e peões, com características, competências, e comportamentos diferenciados, determinam que o condutor profissional seja obrigado a tomar decisões que têm efeitos ao nível das suas condições de trabalho, do veículo, do objeto de transporte e da dos restantes utilizadores da via.

Os longos períodos de trabalho, a solidão e a separação da família e dos grupos de referência são outros aspetos característicos das condições em que o trabalho é prestado potenciadores de riscos psicossociais.

A condução automóvel constitui uma atividade que releva de características de monotonia e simultaneamente exige um alto grau de concentração. A sua execução em contexto profissional é acompanhada de outras exigências, designadamente prazos de entrega reduzidos, tempos de trajeto balizados, tarefas administrativas, recolha e guarda de valores, apoio a clientes, etc. A pressão da gestão do tempo pode provocar stress relacionado com o trabalho, maus hábitos alimentares, perturbações do sono, pausas inadequadas, descanso insuficiente entre turnos e fadiga.

Quanto à prevenção da fadiga, os empregadores na organização do trabalho devem planificar as viagens e os itinerários e monitorizar os tempos de condução e repouso que as mesmas exigem, de modo a prevenir o cansaço físico, o stress e a fadiga mental.

O tipo de fadiga mais frequente (origem de incidentes e acidentes) é a fadiga passiva que ocorre em ambientes monótonos (p. ex. a condução em autoestrada), em períodos que induzem facilmente o sono e se reduz o estado de vigilância e de alerta.

A perda de controlo associada à fadiga é um dos principais fatores encontrados na origem de acidentes em qualquer tipo de transporte.

No que respeita a hábitos de consumo, destaca-se o consumo nocivo de álcool, da cafeína, do tabaco, de alguns medicamentos e droga. Para além dos seus efeitos nocivos sobre a saúde, podem interferir no comportamento e na capacidade de condução de veículos e, consequentemente, na segurança rodoviária.

Para além de constituir uma transgressão da lei, o álcool é um depressor com um efeito profundo nas capacidades psicofisiológicas do condutor pois que:

  • Aumenta o tempo de reação;
  • Reduz a capacidade sensorial e a visão;
  • Afeta a perceção da velocidade e da posição do carro na via;
  • Reduz a atenção e pode provocar sonolência;
  • Afeta o processamento da informação e a tomada de decisões;
  • Reduz a coordenação motora afetando o controlo do veículo;
  • Gera um estado de euforia com sobrevalorização das capacidades e menosprezo do risco.

O empregador pode promover a realização de testes de despistagem de consumos de substâncias psicoativas, incluindo o álcool, desde que este ocorra no âmbito da gestão da prevenção em segurança e saúde no trabalho da empresa e sob a responsabilidade técnica do médico do trabalho. Haverá que ter na devida conta que a realização destes testes de despistagem está sujeito aos princípios de necessidade, adequação e proporcionalidade. Estes testes visam apoiar a formulação de um juízo sobre a aptidão para o trabalho de quem a eles se sujeita.

.

Fonte (ACT): https://portal.act.gov.pt/AnexosPDF/Documenta%C3%A7%C3%A3o/Publica%C3%A7%C3%B5es/Ergonomia/MANUAL%20SST%20CONDU%C3%87%C3%83O%20AUTOM%C3%93VEL%20PROFISSIONAL%20FINAL.pdf

Rate this post

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Subscribe!