O stress térmico é um dos riscos ocupacionais mais relevantes em sectores que exigem trabalho ao ar livre ou em ambientes com temperaturas elevadas ou muito baixas. Pode afetar o bem-estar, a saúde e a produtividade dos trabalhadores, causando desde fadiga até problemas mais graves, como hipertermia ou hipotermia.
O stress térmico ocorre quando o organismo é submetido a condições térmicas (calor ou frio extremos) que dificultam a regulação natural da temperatura corporal. Quando o corpo não consegue compensar a sobrecarga térmica, podem surgir diversas complicações, desde desidratação, cãibras e exaustão até quadros mais graves, como insolação ou hipotermia.
Exemplos de situações com maior risco de stress térmico:
- Trabalhos em estufas, fábricas de fundição ou cozinhas industriais (calor intenso).
- Manutenção de câmaras frigoríficas ou trabalho em ambientes de temperaturas muito baixas (frio extremo).
- Atividades no exterior sob altas temperaturas, especialmente no verão, ou em zonas montanhosas com clima severo.
Fatores que Influenciam o Stress Térmico
- Temperatura ambiente
A exposição prolongada a temperaturas elevadas ou baixas aumenta a probabilidade de ocorrência de stress térmico. - Humidade relativa
Quando a humidade é elevada, a transpiração não evapora facilmente, reduzindo a capacidade do corpo de arrefecer. - Movimento de Ar (Ventilação)
Em ambientes fechados, a ventilação insuficiente dificulta o arrefecimento corporal. Já em locais com vento forte e frio, a perda de calor do corpo acelera-se. - Tipo de Atividade Física
Tarefas que exigem esforço intenso aumentam a produção de calor interno e, por consequência, o risco de sobrecarga térmica. - Equipamento de Proteção Individual (EPI)
O uso de roupas ou EPIs que dificultem a circulação do ar e a evaporação do suor pode potenciar o stress térmico em ambientes quentes. Em climas frios, roupas inadequadas à temperatura podem acelerar a perda de calor corporal.
Riscos para a Saúde
Exposição ao Calor
- Desidratação: Perda excessiva de líquidos e sais minerais, afetando a capacidade muscular e cognitiva.
- Exaustão pelo Calor: Fraqueza, tonturas e náuseas podem indicar que o corpo não está a conseguir gerir o calor.
- Insolação: Elevação extrema da temperatura corporal, com risco de lesões neurológicas e potencial colapso circulatório.
Exposição ao Frio
- Hipotermia: Redução acentuada da temperatura corporal, causando confusão mental, sonolência e podendo levar à perda de consciência.
- Ultracongelação (Frostbite): Lesões nos tecidos devido ao congelamento, afetando sobretudo extremidades (dedos das mãos, pés, nariz, orelhas).
Medidas de Prevenção e Controlo
- Planeamento e Organização das Tarefas
- Evitar as horas de maior calor ou frio, sempre que possível.
- Alternar tarefas mais exigentes com outras menos exigentes, permitindo períodos de recuperação.
- Ventilação e Condicionamento do Ambiente
- Instalar sistemas de ar condicionado, exaustão ou aquecimento, conforme as necessidades térmicas do local.
- Utilizar barreiras ou cortinas de ar para separar ambientes com diferenças significativas de temperatura.
- Hidratação e Nutrição Adequadas
- Incentivar a ingestão regular de água e bebidas isotónicas para repor electrólitos (no caso de calor).
- Dispor de zonas de refeição e pausas em espaços aquecidos (em ambientes frios).
- Equipamentos de Proteção Individual (EPI)
- Em ambientes quentes, optar por vestuário leve e respirável que permita a evaporação do suor.
- Em ambientes frios, escolher vestuário isolante em camadas, garantindo proteção das extremidades (luvas, gorros, meias adequadas).
- Usar proteção solar (chapéus, protetor solar) em casos de exposição direta ao sol.
- Formação e Sensibilização
- Capacitar os trabalhadores para identificar sinais e sintomas de stress térmico (seja por calor ou frio).
- Explicar a importância de pausas programadas, hidratação constante e cuidados com a indumentária adequada.
- Promover uma cultura de alerta, em que os colaboradores se apoiem mutuamente, reportando eventuais mal-estar ou riscos identificados.
- Monitorização da Saúde
- Realizar exames médicos periódicos, sobretudo em trabalhadores com maior susceptibilidade (pessoas com doenças cardiovasculares ou metabólicas).
- Manter um registo de incidentes relacionados com o calor ou o frio, bem como um plano de ação para responder rapidamente a casos de emergência.
Benefícios de um Programa de Gestão de Stress Térmico
Proteção da Saúde: Reduz a probabilidade de acidentes, doenças ocupacionais e absentismo.
Aumento da Produtividade: Trabalhadores em condições térmicas adequadas desempenham melhor as suas funções.
Melhoria da Imagem Corporativa: A adopção de boas práticas de SST reforça a reputação da organização junto de colaboradores, clientes e parceiros.
Cumprimento Legal: As empresas que investem na segurança térmica dos trabalhadores cumprem requisitos legais e evitam sanções ou penalizações.
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A gestão do stress térmico é fundamental para garantir a segurança e saúde no trabalho em ambientes com temperaturas extremas. Um planeamento adequado das tarefas, a adopção de medidas de prevenção (como a ventilação ou aquecimento do espaço) e a sensibilização dos trabalhadores são elementos-chave para minimizar riscos e criar condições de trabalho mais seguras e saudáveis.
Ao investir na proteção térmica dos colaboradores, as organizações não só cumprem as obrigações legais e éticas, como também beneficiam de uma força de trabalho mais motivada e produtiva, contribuindo para o desenvolvimento sustentável e para a competitividade do negócio.