Gestão de Stress Térmico: como proteger os trabalhadores de temperaturas extremas

O stress térmico é um dos riscos ocupacionais mais relevantes em sectores que exigem trabalho ao ar livre ou em ambientes com temperaturas elevadas ou muito baixas. Pode afetar o bem-estar, a saúde e a produtividade dos trabalhadores, causando desde fadiga até problemas mais graves, como hipertermia ou hipotermia.

O stress térmico ocorre quando o organismo é submetido a condições térmicas (calor ou frio extremos) que dificultam a regulação natural da temperatura corporal. Quando o corpo não consegue compensar a sobrecarga térmica, podem surgir diversas complicações, desde desidratação, cãibras e exaustão até quadros mais graves, como insolação ou hipotermia.

Exemplos de situações com maior risco de stress térmico:

  • Trabalhos em estufas, fábricas de fundição ou cozinhas industriais (calor intenso).
  • Manutenção de câmaras frigoríficas ou trabalho em ambientes de temperaturas muito baixas (frio extremo).
  • Atividades no exterior sob altas temperaturas, especialmente no verão, ou em zonas montanhosas com clima severo.

Fatores que Influenciam o Stress Térmico

  1. Temperatura ambiente
    A exposição prolongada a temperaturas elevadas ou baixas aumenta a probabilidade de ocorrência de stress térmico.
  2. Humidade relativa
    Quando a humidade é elevada, a transpiração não evapora facilmente, reduzindo a capacidade do corpo de arrefecer.
  3. Movimento de Ar (Ventilação)
    Em ambientes fechados, a ventilação insuficiente dificulta o arrefecimento corporal. Já em locais com vento forte e frio, a perda de calor do corpo acelera-se.
  4. Tipo de Atividade Física
    Tarefas que exigem esforço intenso aumentam a produção de calor interno e, por consequência, o risco de sobrecarga térmica.
  5. Equipamento de Proteção Individual (EPI)
    O uso de roupas ou EPIs que dificultem a circulação do ar e a evaporação do suor pode potenciar o stress térmico em ambientes quentes. Em climas frios, roupas inadequadas à temperatura podem acelerar a perda de calor corporal.

Riscos para a Saúde

Exposição ao Calor

  • Desidratação: Perda excessiva de líquidos e sais minerais, afetando a capacidade muscular e cognitiva.
  • Exaustão pelo Calor: Fraqueza, tonturas e náuseas podem indicar que o corpo não está a conseguir gerir o calor.
  • Insolação: Elevação extrema da temperatura corporal, com risco de lesões neurológicas e potencial colapso circulatório.

Exposição ao Frio

  • Hipotermia: Redução acentuada da temperatura corporal, causando confusão mental, sonolência e podendo levar à perda de consciência.
  • Ultracongelação (Frostbite): Lesões nos tecidos devido ao congelamento, afetando sobretudo extremidades (dedos das mãos, pés, nariz, orelhas).

Medidas de Prevenção e Controlo

  1. Planeamento e Organização das Tarefas
    • Evitar as horas de maior calor ou frio, sempre que possível.
    • Alternar tarefas mais exigentes com outras menos exigentes, permitindo períodos de recuperação.
  2. Ventilação e Condicionamento do Ambiente
    • Instalar sistemas de ar condicionado, exaustão ou aquecimento, conforme as necessidades térmicas do local.
    • Utilizar barreiras ou cortinas de ar para separar ambientes com diferenças significativas de temperatura.
  3. Hidratação e Nutrição Adequadas
    • Incentivar a ingestão regular de água e bebidas isotónicas para repor electrólitos (no caso de calor).
    • Dispor de zonas de refeição e pausas em espaços aquecidos (em ambientes frios).
  4. Equipamentos de Proteção Individual (EPI)
    • Em ambientes quentes, optar por vestuário leve e respirável que permita a evaporação do suor.
    • Em ambientes frios, escolher vestuário isolante em camadas, garantindo proteção das extremidades (luvas, gorros, meias adequadas).
    • Usar proteção solar (chapéus, protetor solar) em casos de exposição direta ao sol.
  5. Formação e Sensibilização
    • Capacitar os trabalhadores para identificar sinais e sintomas de stress térmico (seja por calor ou frio).
    • Explicar a importância de pausas programadas, hidratação constante e cuidados com a indumentária adequada.
    • Promover uma cultura de alerta, em que os colaboradores se apoiem mutuamente, reportando eventuais mal-estar ou riscos identificados.
  6. Monitorização da Saúde
    • Realizar exames médicos periódicos, sobretudo em trabalhadores com maior susceptibilidade (pessoas com doenças cardiovasculares ou metabólicas).
    • Manter um registo de incidentes relacionados com o calor ou o frio, bem como um plano de ação para responder rapidamente a casos de emergência.

Benefícios de um Programa de Gestão de Stress Térmico

Proteção da Saúde: Reduz a probabilidade de acidentes, doenças ocupacionais e absentismo.

Aumento da Produtividade: Trabalhadores em condições térmicas adequadas desempenham melhor as suas funções.

Melhoria da Imagem Corporativa: A adopção de boas práticas de SST reforça a reputação da organização junto de colaboradores, clientes e parceiros.

Cumprimento Legal: As empresas que investem na segurança térmica dos trabalhadores cumprem requisitos legais e evitam sanções ou penalizações.

.

A gestão do stress térmico é fundamental para garantir a segurança e saúde no trabalho em ambientes com temperaturas extremas. Um planeamento adequado das tarefas, a adopção de medidas de prevenção (como a ventilação ou aquecimento do espaço) e a sensibilização dos trabalhadores são elementos-chave para minimizar riscos e criar condições de trabalho mais seguras e saudáveis.

Ao investir na proteção térmica dos colaboradores, as organizações não só cumprem as obrigações legais e éticas, como também beneficiam de uma força de trabalho mais motivada e produtiva, contribuindo para o desenvolvimento sustentável e para a competitividade do negócio.

Rate this post

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Subscribe!