Hoje em dia, os conhecimentos científicos permitem-nos estabelecer uma correlação efetiva entre as lesões dorso lombares, as perturbações músculo-esqueléticas e as condições de trabalho, sobretudo no que diz respeito a fatores físicos, organizacionais e sociais, fornecendo-nos elementos suficientes que possibilitam atuar eficazmente na redução das causas que conduzem a estas doenças.
As lombalgias incidem principalmente no pessoal que efetua tarefas que exigem muito esforço e tensão, como por exemplo os que trabalham no sector da agricultura.
Além do peso das cargas a manipular, existem outros fatores que agravam a situação tal como a distribuição desigual do peso, a dificuldade em agarrar a carga, a dificuldade para mover a carga e a instabilidade da mesma, a frequência e duração das operações, a distância da carga em relação ao corpo, posição de trabalho pouco natural, etc.
Na análise dos fatores de risco a considerar em situações de movimentação manual de cargas é ainda necessário considerar os fatores individuais na medida em que podem agravar o risco de lesões dorso lombares, nomeadamente:
- A falta de experiência, de formação ou de familiaridade com a tarefa;
- A idade, o risco de lesão dorso lombar, aumenta com a idade e com o número de anos de trabalho;
- As características e a capacidade físicas, como altura, o peso e a força;
- Os antecedentes de lesões lombares;
- Os hábitos de vida e de consumo dos trabalhadores.
O risco de lesões lombares aumenta se as cargas forem:
- Demasiado pesadas;
- Demasiado grandes: se as cargas forem muito grandes, não é possível observar as regras básicas de elevação e transporte, nomeadamente manter a carga tão próxima do corpo quanto possível, pelo que os músculos se cansam mais rapidamente;
- Difíceis de agarrar: pode fazer com que o objeto escorregue e provoque um acidente; cargas com extremidade aguçadas ou com materiais perigosos podem provocar lesões aos trabalhadores;
- Desequilibradas ou instáveis: causam a distribuição irregular da carga pelos músculos e cansaço, devido ao facto de o centro de gravidade do objeto estar distantes do centro de gravidade do trabalhador;
- Difíceis de alcançar: se para alcançar a carga for necessário esticar os braços, dobrar ou torcer o tronco, é necessário uma maior força muscular;
- De forma ou dimensão que limite a visão do trabalhador, aumentando, assim, a possibilidade deste escorregar/tropeçar, cair ou colidir.
O risco de lesões lombares aumenta se as tarefas:
- Forem demasiado extenuantes, por exemplo, se forem realizadas com demasiada frequência ou durante demasiado tempo;
- Exigirem posturas ou movimentos difíceis, por exemplo, o tronco dobrado e/ou torcido, os braços levantados, os punhos dobrados ou uma forte extensão;
- Exigirem movimentos repetitivos.
As características do ambiente de trabalho podem aumentar o risco de lesões dorso lombares, nomeadamente:
- Espaço insuficiente para a movimentação manual de cargas pode conduzir à adoção de posturas inadequadas e à deslocação de cargas de forma não segura;
- Pavimento irregular, instável ou escorregadio pode aumentar o risco de acidentes;
- O calor provoca cansaço nos trabalhadores e o suor dificulta a manipulação de ferramentas, exigindo um esforço maior;
- O frio pode diminuir a sensibilidade das mãos, tornando mais difícil agarrar objetos;
- A iluminação insuficiente pode aumentar o risco de acidentes ou obrigar os trabalhadores a colocarem-se em posições inadequadas para conseguirem ver o que estão a fazer.
Os fatores individuais podem afetar o risco de lesões dorso lombares, nomeadamente:
- A falta de experiência, de formação ou de familiaridade com a tarefa;
- A idade, o risco de lesão dorso lombar, aumenta com a idade e com o número de anos de trabalho;
- As características e a capacidade física, como altura, o peso e a força;
- Os antecedentes de lesões lombares.
No setor agrícola, há que ter em atenção a particularidade do trabalho agrícola, onde existem grandes especificidades de carácter organizativo, humano, material e ambiental, que o diferenciam da indústria e dos serviços. Basta, para isso, começar por caracterizar o processo de produção agrícola que é essencialmente orgânica, biológica, enquanto por exemplo, a produção industrial é predominantemente mecânica.
Entre os aspetos que diferenciam e acentuam o perigo no trabalho agrícola, podemos destacar a penosidade do trabalho associado às exigências do esforço físico e às posturas incorretas utilizadas na execução de muitas tarefas.
Fonte (ACT): https://bit.ly/3r0OZmm