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Durante décadas os riscos decorrentes do trabalho por turnos foi uma realidade esquecida, em parte pela ausência de resultados que demonstrasse uma relação causa-efeito entre o trabalho por turnos e a saúde dos trabalhadores.
Recentemente num estudo publicado ainda no início deste ano, uma equipa internacional com base nos dados recolhidos de 22 anos da atividade de 75 mil enfermeiras norte-americanas, conseguiu chegar a duas conclusões principais: o risco de doença cardiovascular agrava-se em apenas cinco anos de trabalho por turnos e, após 15 anos, as mulheres apresentam também um aumento de 25% no risco de cancro do pulmão. Em suma, foi possível estabelecer uma ligação direta entre o trabalho por turnos e a morte prematura.
Outro conceito muito próximo do trabalho por turnos é o trabalho noturno, sendo que ambas as noções encontram-se regulamentas no âmbito do quadro legal atualmente existente em Portugal, a saber:
- Trabalho noturno: é aquele que é prestado num período, que tenha a duração mínima de sete horas e máxima de onze horas, compreendendo o intervalo entre as 00 e as 05 horas. O período de trabalho noturno pode ser determinado por instrumento de regulamentação coletiva de trabalho, considerando-se como tal, na falta daquela determinação, o compreendido entre as 22 horas de um dia e as 07 horas do dia seguinte. Considera-se trabalhador noturno o que presta, pelo menos, 3 horas de trabalho normal noturno em cada dia.
- Trabalho por turnos:Considera-se trabalho por turnos qualquer organização do trabalho em equipa em que os trabalhadores ocupam sucessivamente os mesmos postos de trabalho, a um determinado ritmo, incluindo o rotativo, contínuo ou descontínuo, podendo executar o trabalho a horas diferentes num dado período de dias ou semanas. Também neste campo um estudo publicado em 2006 sugere que descansar, por pouco que seja, durante uma noite de trabalho, ajuda a minimizar os efeitos negativos das alterações do ciclo circadiano.
Esta temática tem cada vez mais relevância quanto mais começamos a compreender a influencia dos riscos psicossociais inerentes ao trabalho e as suas consequências nos trabalhadores. A ACT e EU-OSHA muito têm feito para divulgar e alertar para a necessidade de avaliar e controlar os riscos psicossociais, onde se inserem o trabalho por turnos e noturno, sendo por isso classificado como um dos grandes desafios contemporâneos para a saúde e segurança e estão ligados a problemas nos locais de trabalho.
As evidências acima referidas revelam não só a influências destes riscos emergentes na saúde dos trabalhadores como também mostram que são motivadoras de stress laboral muitas vezes relacionado a um pior desempenho, maior absentismo e maior percentagem de acidentes. É este stress excessivo que é perigoso para a saúde do trabalhador e que torna a pessoa incapaz de lidar com exigências adicionais.
Como conclusão pode-se referir que o fundamental é a realização de uma verdadeira avaliação de riscos que suporte as medidas essenciais para melhorar a segurança e a saúde dos trabalhadores, definindo medidas preventivas claras e que permitam a gestão equilibrada da relação trabalho/vida pessoal. Por outro lado, o acompanhamento médico destes trabalhadores é fundamental, de modo a avaliar o seu estado de saúde, antes da sua colocação neste regime de trabalho e, posteriormente, em intervalos regulares e no mínimo anualmente.
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Bibliografia
- http://observador.pt/2015/01/05/trabalhar-por-turnos-aumenta-o-risco-de-morte-prematura/
- http://www.act.gov.pt/(pt-PT)/crc/PublicacoesElectronicas/Documents/Campanha%20Avalia%C3%A7%C3%A3o%20de%20riscos%20psicossociais.pdf
- Como tornar a segurança no trabalho estratégica na satisfação dos trabalhadores? - 28 Março, 2016
- Trabalhos por turnos – os riscos “esquecidos” - 27 Novembro, 2015
- A Segurança do trabalho solitário, uma realidade cada vez mais atual - 11 Junho, 2015