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Nas últimas décadas a prestação de cuidados de Segurança, Higiene e Saúde dos Trabalhadores nos Locais de Trabalho (SHST) tem sofrido importantes alterações. Mas quem é o cliente da SHST, o trabalhador ou o empregador?
O trabalhador, indiscutivelmente, tem que ser sempre o centro das preocupações de quem se dedica ao estudo das relações trabalho/saúde(doença), seja qual for a área de conhecimentos da SHSTLT. Adicionalmente deve ser respeitada na sua “individualidade” e na sua dignidade.
Os locais de trabalho saudáveis e seguros são, consequentemente um meio e não um fim já que contribuem para trabalhadores saudáveis e seguros.
Sendo o trabalhador o centro das estratégias de ação da SHST não se compreende a pouca importância que é dada à promoção da saúde, para além do que, na atualidade, se convencionou denominar “promoção da segurança e saúde no trabalho” que objetiva o fortalecimento dessas áreas disciplinares.
A promoção da saúde é centrada exclusivamente no trabalhador e não no prestador de cuidados ou de em quem intervém no ambiente laboral. Isto é, o trabalho deve ser um agente promotor de saúde e essas ações não se podem confinar aos fatores (profissionais) de risco e também não faz sentido um trabalhador militante de hábitos e estilos de vida saudáveis sem a prevenção dos fatores de risco profissionais (agora também denominados “perigos”).
Assim como a saúde é determinada por crenças coletivas e por atitudes e comportamentos dos indivíduos e da sociedade onde se integram, as inter-relações trabalho/saúde(doença) são também influenciadas pela (des)valorização das pessoas e do trabalho e, por maioria de razões, nos aspetos relacionados com a sua (inter)dependência (Sousa-Uva e Serranheira, 2013).
A SHST deve perseguir o objetivo que trabalho possa possibilitar o bem-estar e a satisfação dos trabalhadores, contribuindo mais para a sua saúde do que para a doença e o acidente e que possa ser encarado mais como determinante de saúde do que como determinante de doença. Dessa forma as nossas sociedades criarão, por certo, mais riqueza respeitando todos os intervenientes na sua criação. Nesse sentido, empregadores e empregados deveriam ter um desígnio comum.
Se assim é, o cliente da SHST é sempre o trabalhador. O empregador tem também ganhos inerentes a ter trabalhadores saudáveis e seguros que, dessa forma, serão mais produtivos.
Bibliografia
- Sousa-Uva, A. (ed.). Trabalhadores saudáveis e seguros em locais de trabalho saudáveis e seguros, Lisboa: Petrica Editores, 2011.
- Sousa-Uva, A.; Serranheira, F. Saúde, Doença e Trabalho: ganhar ou perder a vida a trabalhar. Lisboa: Diário de Bordo, 2013.
- Sousa-Uva, A.; Serranheira, F. Trabalho e Saúde/Doença: o desafio sistemático da prevenção dos riscos profissionais e o esquecimento reiterado da promoção da saúde. Revista Brasileira de Medicina do Trabalho. 2013;11:43-49.
- Sousa-Uva. A. Quem é o cliente da SHST, o trabalhador ou o empregador? No prelo.
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Passaram 3 anos sem resposta porque não sou muito militante na interacção decorrente destas “crónicas técnicas”. A “regra” é que as pessoas sejam “extensões de máquinas” ou “robots imperfeitos” o que é bem pior do que diz, principalmente quando os trabalhadores são “baratos”.
A organização da prestação de serviços na área da SST é, quase sempre, o mero cumprimento das normas e, mesmo assim, apenas no seu aspecto formal. Só se modificará isso quando o trabalho for mais valorizado e as empresas cuidarem mais desse seu activo.
Enquanto o trabalho for muito parcelizado, muito “barato” e as pessoas “peças” de máquinas a sua manutenção será mais cara do que procurar na “fila” de quem necessita trabalhar para viver e aceita qualquer coisa. Não é esse o mundo em que gosto de viver mas ao longo de 40 anos de trabalho nesta área já me habituei às “marés”. Resta-nos a consolação que a seguir a uma “maré baixa” virá uma “maré alta”.
Obrigado por ter lido o que escrevi. É uma forma de salário “afectivo”.
António de Sousa Uva
Como também venho a referir nos meus artigos, neste mundo competitivo as empresas têm vindo a descurar o seu principal ativo estratégico, as pessoas… É nesse campo que a SST é fundamental, como elemento agregador dos trabalhadores em torno dos objectivos da organização. Excelente artigo, Parabéns!