Já não faltará muito para atingirmos os quatrocentos milhões de casos de COVID-19, registados como tal. Extrapolando para a população mundial o que por cá se passa, poderão ser cinco vezes mais os casos reais.
A que número real corresponderá conhecendo a “invisibilidade” de muitos casos, para não falar dos, por certo, inúmeros casos de COVID-infecção que não terão registo?
De novo, ainda, uma “gripezinha”? com quase seis milhões de casos fatais?
Aparentemente, a evolução da partícula viral indicia que o perfil endémico não estará longe como, de resto, acontece com vários outros vírus corona. A resposta mundial à pandemia mobilizou, e continua a mobilizar, todos, ainda que com o recurso a estratégias de acção muito diversas e uma iniquidade “gritante” entre países. Bastará referir as taxas de vacinação já atingidas nos diversos continentes para ilustrar essa realidade.
No futuro, outras pandemias por certo eclodirão e tudo leva a acreditar que as alterações climáticas promoverão transformações que poderão constituir um verdadeiro “gatilho” para a sua expressão mais amiudada.
Terá o mundo aprendido o suficiente para aprofundar sistemas de vigilância e de acção mais robustos para melhor reacção a situações futuras?
Terão a maioria dos países recursos adequados, de diversa índole, para a melhor resposta a essas novas situações?
Será o investimento actual em investigação na área da Saúde Pública suficiente para dar a melhor resposta a novas pandemias?
Os sistemas de saúde continuarão, provavelmente, a colocar “todos os ovos no mesmo cesto”, preterindo grosseiramente a Saúde Pública, não no sentido popular do seu significado mas na sua essência, i.e no seu foco nas populações e em acções organizadas de prevenção de doenças e de Promoção da Saúde. É que a prestação individual de cuidados tem sido, no essencial, a única actividade valorizável no contexto das políticas públicas de saúde quando se perspectiva, por exemplo, os recursos disponíveis dedicados às diferentes actividades. A Saúde Pública há muito que é muito pouco valorizada pelo poder político.
Oxalá saibamos tirar lições para o futuro, adequando os sistemas de saúde a respostas que se situam para além da clínica individual e se robusteçam formas organizadas da sociedade poder responder a outras ameaças que por certo virão. Ou queremos novas situações como a que ainda estamos a viver?
Lisboa, 1 de fevereiro de 2022
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