Uma nova pesquisa do World Economic Forum, realizada em Maio de 2021, analisou durante seis meses, nos Estados Unidos, o debate público sobre as vacinas nas redes socias, entre o Twitter, Instagram, Facebook, fóruns e blogs. Das cerca de 66 milhões de conversas pesquisadas sobre vacinas tentou-se perceber o que pode reforçar e minar a confiança das pessoas à volta de um tema diário e cada vez mais presente.
O relatório que resultou dessa análise, How to Build Trust in Vaccines Understanding the drivers of vaccine confidence, resume cinco perceções (insights) do atual discurso público sobre as vacinas:
- A proteção é a razão mais convincente para as pessoas se vacinarem.
- Mensagens que abordam a vacinação como uma “obrigação moral” provocam respostas negativas.
- Mensagens simples, com foco na gratidão e vindas de profissionais de saúde, influenciadores sociais e “pessoas como eu”, geram respostas mais positivas do que mensagens de celebridades e/ou políticos.
- A falta de confiança no sistema e as preocupações sobre os efeitos secundários e segurança das vacinas são os dois fatores mais comuns de relutância e falta de confiança.
- Há pouca diferenciação no discurso público entre os diferentes tipos de vacinas, exceto em relação à segurança e, para alguns, a eficácia.
A maneira como as pessoas falam sobre as vacinas – a linguagem que usam e as respostas geradas por essa linguagem – fornece informações importantes sobre as formas mais eficazes da sua comunicação. Uma linguagem positiva e amplamente usada pode indicar como moldar as mensagens de saúde pública a fim de se tonarem mais eficazes. Da mesma forma, a linguagem que provoca uma forte resposta negativa deve ser evitada sob o risco de poder incluir mensagens que justificam a baixa confiança nas vacinas e ter um impacto negativo sobre as outras pessoas.
O relatório apresenta também os fatores que interagem e influenciam sobre o nível de confiança que cada um de nós tem sobre as vacinas:
- Confiança – A confiança nos indivíduos, instituições e o sistema que investiga, desenvolve e distribui vacinas é fundamental para a confiança nas vacinas.
- Identidade do grupo – Os grupos com os quais existe uma auto identificação individual pode ter um grande impacto no nível de confiança na vacina, dependendo da posição política, social e o que define os seus valores e crenças.
- Figuras públicas – sejam influenciadores, investigadores, políticos ou figuras públicas que se veem diariamente nos meios de comunicação social, são elementos que interferem sobre a forma como nos sentimos sobre as vacinas.
- Empatia – tentar perceber os motivos, preocupações e medos das pessoas em torno das vacinais, e ter empatia, é muito mais eficaz do que fazer julgamentos ou assumir uma postura moralizante.
- Risco / benefício – as pessoas têm diferentes maneiras de calcular o risco e recompensa, muitas vezes rotulado como risco versus benefício. O risco de um efeito secundário grave após a vacinação, mesmo que muito raro, pode parecer mais ameaçador para algumas pessoas do que a doença a prevenir.
A confiança é por isso um desafio contínuo, já que perguntas e preocupações sobre as vacinas irão sempre existir no futuro, desde que existam vacinas. No entanto, as causas dessas dúvidas e preocupações sobre a vacinação variam em diferentes ambientes e entre diferentes grupos. A história demonstrou que o mesmo tema pode repetir-se continuamente de diferentes formas. A COVID-19 colocou para muitos o desafio da confiança nas vacinas e à medida que a crise pandémica for diminuindo ele não irá desaparecer.
Como tal, todos os interessados em saúde pública têm um papel a desempenhar. A maneira como comunicamos no dia-a-dia com a nossa família, amigos e colegas pode aumentar ou diminuir a confiança na vacina. Não é necessário uma campanha única, mas uma abordagem de longo prazo para construir e manter a confiança.
Fonte (LIDER): https://bit.ly/2TMJTMk