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+COVID-19. Vacinação: tal como antes se dizia que nove em cada dez estrelas usam Lux!

Talvez ainda seja a influência dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, recentemente realizados, a perspectiva competitiva mundial da vacinação. A “competição” adensa-se e do bronze passámos a prata (tal como escrevi anteriormente) e esta semana ainda (ou para a próxima) teremos o tão almejado ouro (acesa competição com os Emirados Árabes Unidos …). De facto, não tardará muito para nove em cada dez portugueses terem alguma imunidade (incluindo a imunidade natural) contra o SARS-CoV-2 tal como, nos ano de 1960, a publicidade se referia da mesma forma ao sabonete Lux. Ainda bem que a vida começa a não ficar fácil para a partícula viral …

Porque será que atingimos tão proeminente lugar?

Sem qualquer desprimor pelo Vice-Almirante Henrique Gouveia e Melo e a sua vasta equipa de militares (e excepcionais capacidades organizativas) e de Logística, com indiscutível dedicação à causa, que outras (e, talvez, principais) razões estarão na origem de tal sucesso?

Antes de tudo a nossa qualidade de membros da União Europeia que nos colocou numa posição privilegiada de acesso à matéria-prima. Mas se assim é, porque razão estamos melhor que os outros dois dígitos de países?

Talvez a responsabilidade maior seja dos portugueses que, há muito, têm elevadas taxas de adesão à vacinação (não só para esta vacina)!

Com a imunoterapia específica para a COVID-19 não foi diferente e julgo mesmo que o medo potenciou essa tradicional adesão. Depois também se deve aos quatro dígitos (gordos) de diversos técnicos de saúde e outros profissionais que se dedicaram a essa missão (ultra-rotineira e tecnicamente, julgo, pouco desafiante) que merecem uma referência indiscutível e fazem parte integrante desse sucesso.

Também a responsabilidade pelo modelo e pela execução muito devem à Administração Central e Local e a muitas outras forças vivas da sociedade civil que criaram condições para tal execução, para não falar na capacidade portuguesa invulgar de se mobilizar em situações de crise associada à, igualmente invulgar, capacidade dos portugueses em improvisar e se adaptar a novas situações.

O certo, certo, é que um pequeno país como o nosso mais uma vez consegue responder de forma notável a uma ameaça com uma elevada taxa de sucesso que constitui uma excelente resposta do exaurido e “descapitalizado” Serviço Nacional de Saúde que deveria mobilizar mais recursos não só para uma maior equidade na prestação de cuidados mas ainda para melhor organizar o seu sistema de cuidados de Saúde Pública que está muito para além da acessibilidade a médicos de família, a consultas ou a medicamentos.

Temo, no entanto, que passada a intempérie pandémica se volte a dedicar insuficiente atenção à prevenção primária e menos ainda ao modelo salutogénico e se volte a “por as fichas todas” na resposta ao modelo patogénico. Ou será que aprendemos algo e que agora vai ser diferente?

Lisboa, 01 de setembro de 2021

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António de Sousa Uva

António de Sousa Uva

Médico do Trabalho, Imunoalergologista e Professor Catedrático de Saúde Ocupacional.

3 comentários em “+COVID-19. Vacinação: tal como antes se dizia que nove em cada dez estrelas usam Lux!

  1. Sou contra. Não ninguém mais interessado na sua saúde do que o próprio e ninguém pode ser obrigado a vacinar-se. Claro que, como no passado foi regra, para aceder a determinada função pode fazer parte do processo administrativo a apresentação de um doc. Aconteceu isso com a nicro por exemplo ou a vacinação do tétano …

  2. Boa Noite
    Será o momento -???-para reflectir na Obrigatoriedade,ou não, da Vacinação nas empresas…Todas ? as de maior Risco Biológico ?…

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