A Salmonella é uma das principais causas de doenças transmitidas por alimentos a nível global, sendo particularmente associada a produtos de origem animal, como carne, ovos e lacticínios. Em Portugal, tal como noutros países da União Europeia, a segurança alimentar face à Salmonella é uma prioridade, com medidas rigorosas de controlo e vigilância para reduzir a prevalência desta bactéria. Neste artigo, exploramos a prevalência de Salmonella nos produtos de origem animal em Portugal, as fontes mais comuns de contaminação e as estratégias para mitigar os riscos.
O Que é a Salmonella?
A Salmonella é um género de bactérias que pode causar infeções gastrointestinais graves nos seres humanos, conhecidas como salmonelose. Os principais sintomas incluem diarreia, vómitos, febre e dores abdominais, podendo ser mais severos em crianças, idosos e indivíduos com o sistema imunológico comprometido.
A transmissão ocorre geralmente através do consumo de alimentos contaminados, sendo os produtos de origem animal as fontes mais comuns, devido à presença da bactéria no trato intestinal dos animais. A contaminação pode ocorrer em qualquer fase da cadeia alimentar, desde a produção até ao consumo.
Prevalência de Salmonella em Portugal
Em Portugal, a Salmonella continua a ser uma preocupação significativa no que diz respeito à segurança alimentar. O país segue de perto os requisitos estabelecidos pela União Europeia no controlo da prevalência da bactéria em explorações animais e durante o processamento de produtos de origem animal.
Carne de Aves
A carne de aves, particularmente o frango, é uma das fontes mais frequentes de infeção por Salmonella. Estudos indicam que a prevalência de Salmonella em produtos de carne de aves pode variar ao longo dos anos, mas continua a ser uma das principais preocupações para as autoridades sanitárias.
Em Portugal, várias campanhas de monitorização têm sido realizadas em explorações avícolas, com o objetivo de reduzir a prevalência da bactéria em aves de capoeira. Programas como a vacinação de galinhas poedeiras e medidas de biossegurança são implementados para diminuir o risco de contaminação ao longo da cadeia de produção.
Ovos
Os ovos e os seus derivados também são uma fonte conhecida de Salmonella, especialmente quando consumidos crus ou mal cozidos. A bactéria pode estar presente na casca do ovo ou no seu interior, devido à contaminação no sistema reprodutor das galinhas.
Portugal adotou medidas rigorosas de controlo, como a vigilância das explorações de galinhas poedeiras e o controlo da qualidade dos ovos, de modo a garantir que os níveis de Salmonella se mantenham baixos. Apesar de uma diminuição significativa nos surtos de salmonelose ligados ao consumo de ovos nos últimos anos, o risco ainda existe, sobretudo com a manipulação inadequada ou o consumo de ovos crus.
Carne de Porco e Bovinos
Embora a prevalência de Salmonella seja geralmente menor em carne de porco e bovinos em comparação com carne de aves, estes produtos continuam a ser uma fonte de risco. A contaminação pode ocorrer durante o abate ou o processamento da carne, devido ao contacto com o trato gastrointestinal dos animais.
A implementação de boas práticas de higiene nos matadouros e nas indústrias de processamento de carne tem sido crucial para reduzir os níveis de Salmonella em produtos de carne de porco e bovinos. Em Portugal, as explorações suinícolas e bovinas também são sujeitas a inspeções regulares para garantir que os padrões de segurança alimentar são respeitados.
Estratégias de controlo e prevenção
Portugal, em alinhamento com as diretrizes da União Europeia, tem adotado uma abordagem integrada para reduzir a prevalência de Salmonella em produtos de origem animal. Estas são algumas das estratégias principais:
- Monitorização e vigilância
A vigilância da Salmonella nas explorações pecuárias e durante o processamento de produtos de origem animal é uma medida essencial. O Programa Nacional de Controlo de Salmonella em Portugal inclui a realização de amostragens regulares em explorações de aves e suínos, bem como em matadouros e indústrias de processamento de alimentos. - Vacinação de aves poedeiras
Uma das estratégias eficazes para reduzir a contaminação por Salmonella em ovos é a vacinação das galinhas poedeiras. Esta medida, combinada com boas práticas de manejo nas explorações, tem contribuído para a diminuição da prevalência da bactéria nos ovos produzidos em Portugal. - Biossegurança nas explorações pecuárias
As explorações pecuárias estão sujeitas a rigorosos controlos de biossegurança, que incluem a gestão adequada dos resíduos, a limpeza e desinfeção das instalações e o controlo da entrada de pessoas e animais que possam introduzir patógenos. - Educação e sensibilização dos consumidores
Para além das medidas adotadas na produção, o papel dos consumidores é fundamental na prevenção da salmonelose. A correta manipulação e confeção de produtos de origem animal são essenciais para eliminar a Salmonella. Cozinhar a carne a temperaturas adequadas e evitar o consumo de ovos crus ou mal cozidos são práticas recomendadas pelas autoridades de saúde. - Análise de Riscos e Pontos Críticos de Controlo (HACCP)
A aplicação de sistemas de HACCP na indústria alimentar é crucial para identificar e controlar os riscos de contaminação por Salmonella. As indústrias que trabalham com produtos de origem animal são obrigadas a implementar estes sistemas, que ajudam a monitorizar cada etapa da cadeia produtiva e a garantir a segurança dos alimentos.
Desafios Futuros
Apesar dos progressos, a erradicação completa da Salmonella na cadeia de produção de alimentos de origem animal continua a ser um desafio. A resistência antimicrobiana em estirpes de Salmonella é uma preocupação crescente, o que exige uma vigilância constante e o uso prudente de antibióticos em explorações pecuárias.
Conclusão
A Salmonella continua a ser uma das principais ameaças à segurança alimentar, especialmente em produtos de origem animal como a carne de aves, ovos e carne de porco. Em Portugal, o controlo da prevalência da bactéria é uma prioridade, com medidas rigorosas de monitorização e estratégias de prevenção que envolvem tanto os produtores como os consumidores. A redução dos casos de salmonelose depende de uma colaboração estreita entre todos os intervenientes na cadeia alimentar, desde as explorações pecuárias até à mesa dos consumidores.