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+COVID-19: já próximo de três em cada quatro com alguma imunidade!

A vacinação da população avança a bom ritmo e não andaremos longe de três em cada quatro com algum grau de imunidade, considerando também a imunidade natural adquirida. As novas estirpes vão aparecendo e assim acontecerá se não não tivermos uma “panpolítica” de saúde para esta pandemia arriscando-nos a obter sucessivas imunidades de grupo para partículas virais que deixam de circular e dão lugar a novas variantes. Existe o risco do “egoismo” de alguns deixar circular livremente a partícula viral em outras populações podendo emergir novas estirpes, actualmente já próximas dos dois dígitos, que podem regressar e “fintar” a imunidade adquirida (natural ou artificialmente).

Aparentemente e na actualidade, para a estirpe que se vai tornando dominante em Portugal, só aproximadamente dois em cada cinco terão imunidade mais eficaz o que faz brotar a actual nova vaga que não terá, por certo, a gravidade da anterior (perinatal e janeiro) uma vez que, ainda por cima, a imunidade é bem maior nos grupos mais vulneráveis.

Tal objectiva-se, de resto, nos diversos indicadores da evolução da pandemia em que o actual aumento de casos, consequência das propriedades da partícula viral circulante e do acréscimo de circulação e de comunicação de pessoas, não se acompanha de um maior número de óbitos e de grande pressão das unidades de prestação de cuidados de saúde (infelizmente o verdadeiro “gatilho” de respostas de políticas públicas mais “musculadas” como já antes referi em outro texto).

Os grupos etários dos vinte aos cinquenta anos (com inferior taxa de cobertura vacinal) que, quase não tendo manifestações clínicas da doença, não lhe atribui, muitas vezes, muita importância e ainda os grupos inferiores a dezoito anos tornam-se, agora, o alvo da partícula. Tal, associado ao aumento da transmissibilidade da actual variante estará, por certo, na origem da actual nova vaga, para já, em três ou quatro países da Europa.

Tal deve determinar, para além de estratégias de vacinação “mais inteligentes” como têm vindo a ser implementadas, a procura activa de casos “invisíveis” através da testagem proactiva nos grupos etários agora mais atingidos e no seu subsequente isolamento. As actuais políticas públicas de Saúde Pública respondem a essa necessidade, ainda que as unidades de Saúde Pública “extenuadas ou mesmo exauridas” continuem com insuficientes recursos (não têm a visibilidade dos Cuidados Intensivos).

É que, com o actual ritmo de vacinação, em cada quinzena, estamos a imunizar cerca de 15% da população (pelo menos para prevenir a doença grave) mas a imunidade demorará muitas semanas a ser obtida quer pela variabilidade da imunoterapia, quer pela variabilidade individual!

Entretanto, as escolas vão para férias grandes (o que é uma boa ajuda) e a vacinação de jovens com idade inferior a 18 anos emergirá por certo com o aumento da disponibilidade de vacinas o que perspectiva maior dificuldade da partícula viral circular.

No meio disto tudo uma coisa permanece: a necessidade de todos e de cada um de nós manter as atitudes e os comportamentos indispensáveis a dificultar a circulação do vírus  porque, tal como o provérbio “quem porfia mata caça”, tudo se pode resumir a que para se obter um qualquer objectivo é preciso uma boa dose de paciência e uma não menor determinação.

António de Sousa Uva, médico e professor

Lisboa, 06 de julho de 2021

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António de Sousa Uva

António de Sousa Uva

Médico do Trabalho, Imunoalergologista e Professor Catedrático de Saúde Ocupacional.

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