O desafio da internacionalização é, no passado recente, no presente e no futuro a médio prazo, quase uma obrigação para as médias e grandes empresas na área da construção e das montagens industriais. Estamos no mercado global e temos que saber jogar em vários tabuleiros ao mesmo tempo. Em matéria de HST isto é especialmente relevante ao nível da legislação, normalização, qualificações de pessoas ou mesmo das boas práticas.
O desafio da internacionalização é, no passado recente, no presente e no futuro a médio prazo, quase uma obrigação para as médias e grandes empresas na área da construção e das montagens industriais. Estamos no mercado global e temos que saber jogar em vários tabuleiros ao mesmo tempo.
Em matéria de HST estes desafios colocam-se a vários níveis. Talvez o mais relevante de todos seja a legislação. Deparamo-nos com diferentes realidades, desde regimes legais extremamente detalhados e restritivos em que todos os assuntos possuem uma interpretação fechada, passando por quadros legais extensos mas em que as definições não são fechadas, carecendo de análise e interpretação técnica, ou até países onde não existe um quadro legal definido e onde se segue por vezes de forma oficiosa o modelo de um outro país que teve uma influência política e cultural sobre esse, no passado.
Estas diferenças quase podem ser organizadas geograficamente em termos continentais. Genericamente, o primeiro modelo está muito enraizado no continente americano, quer seja na América do Norte ou Latina. No continente europeu, embora existam duas grandes correntes, a comunitária e a britânica, em ambas há uma importância relevante da componente técnica na interpretação das definições. O continente africano encontra-se em grande desenvolvimento nestas matérias, sendo no entanto ainda hoje bastante claras as influências francófonas o norte de África ou portuguesas nos PALOP.
Em relação à forma de implementação de cada um dos modelos considero que nenhum deles minimiza o papel dos técnicos e especialistas. Em todos eles somos importantes de formas diferentes.
Por exemplo, quando o quadro legal define exactamente quando uma situação de trabalho se define como trabalho em altura a nossa competência técnica está a ser menosprezada? Considero que não! Diria que tem uma grande vantagem: é claro para todos e a todos os níveis, minimizando por ventura a influência do factor humano na percepção do risco. Ou seja, qualquer trabalhador a qualquer nível pode não atribuir um nível de risco relevante a uma determinada actividade mas sabe que a mesma inclui uma obrigação legal.
O modelo europeu dá especial relevância à componente de avaliação técnica, no entanto a experiência mostra que existem algumas coisas que podem ser consideradas como fragilidades do mesmo. Por exemplo, a formação técnica e científica dos técnicos, a efectiva implementação da interdisciplinaridade ou o eterno problema da afectação de técnicos e o seu ratio por número de trabalhadores.
Por último, o trabalho em países que não possuem um quadro legal completo ou não o possuem, pura e simplesmente. Estes podem ser, ao mesmo tempo, os melhores ou os piores países para se implementar um sistema de gestão da prevenção e segurança. Tudo depende dos intervenientes em cada projecto. Do padrão de exigência do dono de obra, bem como de todos os intervenientes ao longo de todo processo. Desde a fase de projecto até à exploração.
Há ainda que ter conta os aspectos culturais, os climatéricos, os normativos ou mesmo os demográficos, no entanto pela extensão e relevância tentarei abordá-los noutros textos.
Voltarei a este tema da internacionalização em futuros artigos, no entanto nesta minha primeira intervenção quis deixar um ponto de partida para uma reflexão que é importante fazermos todos, porque cada vez mais estas são as questões com que nos deparamos no dia a dia. A título de exemplo, escrevi este texto a bordo de um avião rumo à Dinamarca onde farei uma visita de acompanhamento do desempenho da equipa no local, num projecto em consórcio com uma empresa italiana, onde a engenharia pertence a uma empresa americana e o dono de obra é dinamarquês e a exploração de uma empresa petrolífera britânica. Penso que só por si legitima a escolha para o tema deste texto.
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